26 de dez. de 2010

As "V8" da Companhia Paulista



Nesta postagem, vou falar sobre um dos maiores clássicos ferroviários nacionais, uma legendária locomotiva elétrica que ainda hoje impressiona velhos e novos amantes de ferrovias: um monstro de 3800 HP, rodagem 2-C+C-2, mais de 23 metros de comprimento e um inconfundível perfil aerodinâmico: as famosas “V8”, fabricadas nos Estados Unidos pela General Electric.

Seu apelido deriva do formato de seu friso, que se alargava nas regiões frontais da locomotiva para poder acomodar o legendário logotipo da CP. Essa região do friso lembrava muito um decote feminino muito em voga na década de 1940, cujo nome popular era V8.

Esta locomotiva tornou-se um arquétipo da sofisticação técnica da Companhia Paulista e um verdadeiro símbolo das ferrovias brasileiras, tendo sido sistematicamente empregado como símbolo de excelência nas propagandas da General Electric, seu fabricante:

Seu formato externo é quase idêntico ao da locomotiva elétrica EP-4, fornecida pela mesma empresa para a ferrovia americana New York, New Haven & Hartford no final da década de 1930. Contudo, a semelhança se resume somente ao aspecto externo, uma vez que o sistema elétrico da EP-4 era totalmente diferente do instalado nas V8. As EP-4 podiam operar com dois sistemas elétricos: por catenária (11 kV, corrente alternada monofásica) e por terceiro trilho (600 V, corrente contínua), enquanto que a V8 somente era alimenta por catenária de corrente contínua, 3 kV.

A Companhia Paulista comprou no total 22 locomotivas V8. Infelizmente a II Guerra Mundial atrapalhou a entrega dessas locomotivas: somente quatro delas chegaram em 1940, outras dez chegaram em 1947 e as oito restantes em 1948. Ao contrário do que ocorreu com a E.F. Sorocabana, as restrições decorrentes do conflito tumultuaram o programa de eletrificação da Companhia Paulista. Seus componentes foram desembarcados no porto de Santos, sendo transportadas em vagões plataforma especiais até a oficina de Rio Claro, onde foram montadas.

Curiosidade: quando as 4 primeiras chegaram, foram apelidadas de Paulistinhas, mas após a chegada das outras, esse apelido foi sendo cada vez menos utilizado, sendo substituído pelo V8. As principais diferenças visuais dessas 4 primeiras para as outras eram o engate, modelo europeu ainda, por gancho-e-corrente, os parachoques e a pintura verde-oliva.

Abaixo, as Paulistinhas:

Essas maquinas tiveram ao todo cinco padrões de pintura:

* O verde oliva com frisos metálicos;


  • O azul-colonial com laterais brancas;
  • O azul colonial com faixas brancas por todo corpo na Fepasa fase I;
  • O vermelho e branco da pintura Fepasa fase II;
  • O branco com faixas pretas e vermelhas da última pintura da Fepasa.

Elas prestaram ótimos serviços na Companhia Paulista, puxando desde trens de carga até o famoso “Trem R”, ou “Trem Azul”, fazendo expressos de passageiros que “voavam” a 120Km/h em plena década de 50, e com confortos de fazer inveja aos meios de transporte atuais (como restaurante, camas, e até chuveiro elétrico!)

Com a estatização da CP, passaram a fazer parte da FEPASA, mas ainda prestando seus ótimos serviços, sempre sendo admiradas pela população pela beleza de seu design arrojado. Inclusive o recorde nacional de velocidade ferroviário pertence a uma delas (164Km/h) :

Infelizmente, todas foram desativadas no final da década de 90 com o processo de privatização da Fepasa, pela Ferroban. Algumas foram tombadas e ou vandalizadas, tendo instalações elétricas furtadas, principalmente em Araraquara e em Bauru, (Triagem Paulista). Atualmente apenas uma locomotiva se apresenta completamente funcional, pois foi recuperada pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) e repintada com as cores da CP, tendo inclusive aparecido em uma novela da Rede Globo (Ciranda de Pedra).

Abaixo, mais algumas fotos:

Miniatura em escala 1:87 (HO), fabricada pela Frateschi:

14 comentários:

  1. Muito bem conduzida esta postagem, com certeza é fonte pra pesquisa. Parabens!!

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  2. Eu tiraria o "coca-cola", nunca ouvi este termo.

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  3. pronto, já retirei o termo "coca-cola", eu coloquei porque já vi sim em alguns lugares esse termo, mas não sei se é popular ou não, já que não sou de São Paulo... obrigado pela dica

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  4. Valeu Jimmy, achei que o termo estava empobrecendo seu texto, que esta muito bom. Só para constar trabalhei 10 anos no depósito da fepasa, em triagem, onde as V8s vermelhas circulavam diariamente, entre 87 e 97, e nunca ouvi este termo. Em algumas conversas com colegas mais antigos, citavam o apelido "V8" devido aos pantógrafos, mas não dá para ser conclusivo neste aspecto. No mais, parabéns por salvar um pouco da história destas grandiosas máquinas.

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  5. fico muito agradecido pelos seus comentários, é uma honra conhecer alguém que trabalhou tanto tempo perto de tais máquinas... brevemente falarei das Escandalosas da EFCB e as Lobas da Sorocabana

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  6. Valeu mesmo as postagem dessa maravilha que fez sucesso em nosso meio e como seria bom ver novamente na ativa por essas ferrovias do nosso Brasil, abraços. Adriano Araujo, Taubaté SP

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  7. Bom dia. Eu procuro uma V8 da Cia Paulista (Fase I) Verde Oliva. Tem que ser nova ou muitíssimo bem conservada e de preferência na caixa original. Que souber de alguma por favor, entre em contato. paulinhorebechi@yahoo.com.br Grato...

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  8. meu avo era maquinista Assaf tenho foto original com uma numeraçao 382 provavelmente a maquina era nova ou com pouco tempo de uso gostaria de saber aonde se encontra esta maquina se souber me fale. jefferson_assaf@hotmail.com

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  9. Eram locomotivas muito gostosas de trabalhar.As conduzi no trecho entre Paranapiacaba e Jundiaí e algumas vezes até Campinas, para manutenção.
    No techo de rampa, Campo Limpo Paulista-Botujurú--Franco da Rocha-Botujurú--Caieiras-Jaragua---Pirituba-Jaraguá, essas locos, eram um demonio.Dava-se um embalo legal na primeira serie de pontos, passava-se a segunda serie + os campos, e depois a terceira, pronto aí o trenzinho estava a milhão.Cheguei a dar uns 130KMH, "escoteira, entre Caieiras e Franco da Rocha, e a bichinha andava mesmo.Quando estava descendo uma rampa com um cargueiro de 750 Toneladas, na recuperação dinamica, cheguei a saber que uma composição de suburbio que vinha no trecho em outra linha, teve os seus fuziveis de linhas queimados, pois quando forçava-se a recuperação nessas locos, a tensão mandada para a rede de volta, chegava aos 3700volts.Tempo bom aquele da RFFSA, eu era feliz e não sabia.

    DUARTE--JUNDIAÍ

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  10. quero que os politicos volte a pesar nas ferrovia do brasil sendo a de bauru sp a corumba ms foi uma historia de saudades quando meu avo trabalhou na noroeste do brasil n o b hoje adulto nao posso levar a familia para passear num trem presidente por favor volte a correr os trens passageiro para que povo mais pobres possa a viajar aguardo uma resposta obrigado presidenta dilma

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  11. quero que os politicos volte a pesar nas ferrovia do brasil sendo a de bauru sp a corumba ms foi uma historia de saudades quando meu avo trabalhou na noroeste do brasil n o b hoje adulto nao posso levar a familia para passear num trem presidente por favor volte a correr os trens passageiro para que povo mais pobres possa a viajar aguardo uma resposta obrigado presidenta dilma

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  13. alguem sabe me dizer se no truque guia era pintado de vermelho igual a frateschi fez com a numeraçao 382?

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